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MENINOS MAIS ESTUPRADOS QUE MENINAS

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Será que meninos enfrentam abuso sexual quando crianças? Segundo as pesquisas, a resposta é um potente sim. Um estudo da CDC em 2005 [1] apontou que 1 a cada 6 garotos já haviam experimentado contato sexual não-consensual no momento em que atingiram a idade de 18 anos. O número, para garotas, foi um pouco maior: de 1 a cada 4. Dessa forma, 25% das garotas e 16% dos garotos relataram terem passado por atividade sexual indesejada antes de completarem 18 anos.

Eu estou certo de que alguns de vocês estão se perguntando como exatamente a questão foi formulada a fim de chegar a esses números. Nós vivemos em uma era em que as definições se tornaram tão ineficazes que as estatísticas não contam realmente a história. Então, para aqueles entre vocês que estiverem se questionando, olhemos para as palavras exatas. Isto é retirado diretamente do artigo de jornal:

Quatro questões de Wyatt36 foram aplicadas para definir o abuso sexual durante a infância e adolescência: “Algumas pessoas, quando estão crescendo em seus primeiros 18 anos de vida, já tiveram uma experiência sexual com um adulto ou alguém pelo menos 5 anos mais velho do que elas. Essas experiências podem ter envolvido um conhecido, um amigo da família ou um estranho. Durante os primeiros 18 anos de vida, um adulto, conhecido, amigo da família ou estranho alguma vez (1) tocou ou acariciou o seu corpo de alguma maneira sexual, (2) fez você tocar o corpo dele(a) de alguma maneira sexual,(3) tentou estabelecer qualquer tipo de relação sexual com você (oral, anal ou vaginal), ou (4) na verdade tiveram qualquer tipo de relação sexual com você (oral, anal ou vaginal)?” Um “sim” como resposta a qualquer uma dessas quatro perguntas classificaram o respondente como alguém que experimentou um abuso sexual infantil. Além disso, as frequências de cada componente foram calculadas.

Esse texto parece razoavelmente honesto e realiza a importante tarefa de não utilizar a palavra abuso. Sabemos agora que homens no passado já relutaram em responder que eles já haviam sido abusados, porque muitas vezes absolutamente não veem suas experiências como abusivas.

Um estudo [5] analisou uma amostra de crianças de ambos os sexos as quais o Departamento de Serviços de Saúde havia definido como tendo passado por abuso sexual infantil. Deste grupo,apenas 16% dos meninos consideraram terem sido abusados. Você pode comparar isso com os 64% das meninas que cogitaram terem sofrido abuso. Nesta amostra, quatro vezes mais garotas designadas como tendo experimentado abuso sexual quando crianças acreditaram que suas experiências foram de abuso. Apenas uma fração dos meninos julgaram ter sido abusados, ainda que eles tenham tido uma experiência semelhante. Isso provavelmente foi um fator que, em pesquisas anteriores, mostrava que meninos eram menos frequentemente abusados quando crianças.

O simples uso do termo “abuso” em um questionário de pesquisa jogaria fora os números. As coisas parecem mudar drasticamente quando você apenas pergunta sobre a experiência exata, sem a rotular como abusiva. Esse estudo mostra que quando você de fato pergunta sobre experiências específicas, os meninos e meninas apontam taxas similares de abuso. Os homens e os garotos irão responder honestamente às questões; eles apenas têm uma visão diferente sobre a palavra “abuso”.

A ideia de 1 a cada 6 meninos ter sido sexualmente abusado quando criança não é limitada a essa pesquisa, nem é novidade. Há números de outros estudos que chegaram a conclusões muito similares (veja as referências). A variação parece se encontrar entre 14% e 18% para os meninos. Nós sabíamos mesmo nos 80 que os meninos compreendiam um número considerável entre as crianças que sofreram abuso sexual. O clássico e campeão de vendas manual para mulheres sobreviventes de abuso sexual na infância The Courage to Heal (“A Coragem para Curar”) estimou que 1 a cada 7 meninos enfrentaram o trauma do abuso sexual infantil. O livro, como muitos outros meios de comunicação, focou-se quase por completo nas vítimas femininas.

A ideia de 1 a cada 6 se tornou tão reconhecida, que agora há o website 1in6.org, o qual oferece informações especificamente para meninos e homens sobre abuso sexual infantil. Ele fornece um espaço para as histórias masculinas sobre seus abusos; possui informação para os homens, os membros de suas famílias, terapeutas e profissionais. Vale a pena conferir. Eu acho o site um alívio.

Este estudo em particular foi além de apenas examinar a incidência de abuso sexual entre meninos e meninas. Ele também acompanhou o sexo do agressor. Por muitos anos, a suposição que permaneceu foi a de que os abusadores são essencialmente homens. Essa pesquisa e outros estudos recentes desafiaram essa premissa. O estudo mostrou que, dos meninos que foram abusados, aproximadamente 40% dos abusadores eram mulheres. Também descobriu que 8% dos autores do abuso sexual com meninas eram igualmente do sexo feminino.

 Além disso, o estudo examinou o impacto dos abusos sexuais infantis. Ele estabeleceu que ambos, meninos e meninas, foram negativamente impactados de maneira similar. Isso também desafia algumas das antigas hipóteses de que as meninas abusadas eram as que encaravam as maiores dificuldades/traumas e impactos negativos à sua vida devido ao abuso. Os pesquisadores concluíram que os meninos e as meninas são impactados, e o prejuízo é muito semelhante para ambos.

 Eu sou grato a esses pesquisadores por seu exame imparcial desse problema e por sua habilidade de ignorar a versão do status quo politicamente correto que foca nas vítimas meninas e ignora as dificuldades e necessidades dos garotos. Eles tomam uma posição muito importante nesse assunto, como pode ser visto na conclusão deles (a ênfase é deles):

Em conclusão, os dados apresentados demonstram importantes implicações para a saúde pública e a medicina preventiva. Primeiro, o abuso sexual infantil é uma forma comum de maus-tratos infantis para ambos, homens e mulheres. Segundo, abuso sexual infantil e severidade do abuso possuem um impacto relativo similar e no comportamento, na saúde mental e nos resultados sociais para ambos os sobreviventes, homens e mulheres, quando relatadas durante a fase adulta. Além disso, foi demonstrado que a perpetração feminina em abusos sexuais infantis com meninos era comum (40%) e aumentou o risco de comportamento e aumentou o risco de resultados sociais e comportamentais entre vítimas masculinas de abuso sexual infantil.

 

O título deste artigo

 Eu preciso, sim, dizer algo quanto a essa pesquisa. Isso tem de ser feito com uma das tabelas de dados que eles oferecem no artigo. Tabela 2,na página 433. Aqui está uma imagem daquela tabela:

 

 

Note que a tabela separa os números masculinos dos números femininos daqueles que passaram por abuso sexual infantil. Uma olhada rápida pela tabela mostra que um total dos vários tipos de abusos soma em 16% masculinos e 24,7% femininos. Ok. Mas olhe para os números para os abusos sexuais menos intrusivos. Essa é a categoria que se presumiria como sendo a maior para meninos e meninas, com uma progressão declinante de números a seguir. Mas o que você encontra é que 13,2% dos meninos experimentaram esse nível mais baixo de abuso e 22,5% das meninas experimentaram o mesmo. Ainda não é um problema, mas obviamente as meninas experimentaram muito mais do tipo menos invasivo de abuso.

Porém, veja o que acontece com o abuso mais grave: Na categoria próxima “forçado a tocar um adulto”, os meninos ultrapassaram as meninas: 8,1% para 7,9%. Então, no nível seguinte de abuso, de tentativa de relação sexual, os meninos são 7,3% e as meninas, 8,6%. Mas é a última e mais abusiva categoria que me deixou de olhos arregalados. Nessa categoria, de relação sexual completada, os meninos ultrapassam em números as meninas: 6,7% para 5,6%! Isto parece dizer que mais meninos que meninas são estupradas quando crianças. Isso é uma estatística notável.

Eu lamento que os pesquisadores não tenham destacado essa diferença e questionado as razões para números tão surpreendentes. Ela ficou basicamente camuflada.

Embora eu aprecie profundamente esses pesquisadores focarem em meninos e mostrarem que eles precisam e merecem compaixão – e eu realmente aprecio o foco deles no fato dos meninos serem tão negativamente impactados por suas experiências de abuso sexual —, eu simplesmente não consigo perdoá-los por não colocarem essa estatística dentro de suas discussões e apontarem que seus dados indicam que meninos são, com maior frequência, vítimas de abuso sexual severo quando crianças.

Quanto mais severo o abuso se torna, mais os meninos e meninas se encontram em números iguais, com os meninos passando um pouco mais pelos piores tipos de abuso sexual. Isso é o que os dados deles mostram, e isso é uma mensagem muito forte que talvez acorde alguns, tanto entre os nossos desatentos profissionais de psicologia quanto no público em geral. O mínimo que eles poderiam fazer seria iniciar uma discussão sobre as razões dos meninos superarem numericamente as meninas na categoria mais intrusiva.

As porcentagens populares de 16% dos meninos (1 em 6) e 25% (1 em 4) das meninas tendo experimentado abuso sexual infantil são um pouco ilusórias. O padrão “1 a cada 4 meninas são sexualmente abusadas” talvez seja tecnicamente correto, mas eu penso que engana um pouco, especialmente quando comparado ao “1 a cada 6” dos meninos. Isso faz parecer que muito mais meninas enfrentam o abuso sexual. O fato é que muito mais meninas defrontam, sim, com a categoria menos intrusiva de abuso sexual, aproximadamente 1 a cada 4.

Enquanto isso, cerca de 1 em 8 meninos passam por essa categoria menos abusiva. Mas, quando você olha para as formas mais severas de abuso, os números mudam. Agora, para ambos os meninos e meninas, é mais como 1 em 14, com os meninos experimentando um pouco mais as formas mais severas de abuso sexual.

Eu não quero minimizar o impacto das formas menos severas de abuso sexual, mas ao mesmo tempo, entendo que é de vital importância garantir que o fato de que ambos, meninos e meninas, são igualmente suscetíveis às formas mais severas de abuso entre na base do conhecimento público.

A nossa mídia pintou um quadro durante os últimos quarenta anos de que as meninas são as verdadeiras vítimas do abuso sexual na infância, e de que os homens são os agressores primários. Se você pensar sobre suas próprias percepções, eu apostaria que você seguiria com tais ideias. Nós recebemos apenas a metade da história pela mídia. Quando você conhece apenas a metade da história, você carrega um a potente tendenciosidade. Isso nos deixa desinteressados, e mesmo descrentes, na dor e na dificuldade que os meninos enfrentam.

Apenas imagine que a nossa mídia fosse tendenciosa para a direção oposta. Apenas imagine que eles fossem muito mais interessados nas dificuldades que os meninos enfrentam, e preferissem ignorar o sofrimento das meninas. Como eles iriam falar sobre as descobertas desse estudo e promover o seu viés? Uma mídia como essa talvez produza as seguintes manchetes:

 

“MENINOS MAIS ESTUPRADOS DO QUE MENINAS!!!!”

 

“MULHERES ESTUPRAM MENINOS!”

 

Estas manchetes mostram o que uma mídia tendenciosa poderia fazer caso se preocupasse apenas com as necessidades e as dificuldades de meninos e homens.

Nós tivemos aproximadamente cinquenta anos do oposto: uma mídia preocupada apenas preocupada com mulheres e meninas. As manchetes acima não mentem, elas simplesmente contam apenas a metade da história. Isto cria uma imagem muito falsa na mente de seus leitores.

Nós todos fomos enganados. A maior parte das pessoas acredita que mulheres e meninas possuem um monopólio no mercado de dificuldades e discriminação. Isto é uma mensagem completamente falsa, como pode ser visto na pesquisa discutida neste artigo. Nós precisamos de uma mídia que mostre compaixão e interesse para com as necessidades e dificuldades dos meninos e meninas – não apenas meninas. Esse estudo é um bom exemplo dos princípios desse tipo de coisa.

E não vamos nos esquecer, Homens São Bons!

 


 

Referências (da página de pesquisas da 1in6.orghttps://1in6.org/the-1-in-6-statistic/)

1. Dube, S.R., Anda, R.F., Whitfield, C.L., et al. (2005). Long-term consequences of childhood sexual abuse by gender of victim. American Journal of Preventive Medicine, 28, 430–438.

2. Briere, J. & Elliot, D.M. (2003). Prevalence and psychological sequelae of self-reported childhood physical and sexual abuse in a general population sample of men and women. Child Abuse & Neglect, 27, 1205–1222.

3. Holmes, W.C., & Slap, G.B. (1998). Sexual abuse of boys: Definition, prevalence, correlates, sequelae, and management. Journal of the American Medical Association (JAMA), 280, 1855–1862.

4. Lisak, D., Hopper, J. & Song, P. (1996). Factors in the cycle of violence: Gender rigidity and emotional constriction. Journal of Traumatic Stress, 9, 721–743.

5.     Finkelhor, D., Hotaling, G., Lewis, I. A., & Smith, C. (1990). Sexual abuse in a national survey of adult men and women: Prevalence, characteristics, and risk factors. Child Abuse & Neglect, 14, 19–28.

6.   Widom, C.S. & Morris, S. (1997). Accuracy of adult recollections of childhood victimization part 2. Childhood sexual abuse. Psychological Assessment, 9, 34–46.

 

Tradução: Luiza Aguiar.

Revisão: Aldir Gracindo. 


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